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    Por que as doenças erradicadas estão voltando?

    A queda da cobertura vacinal pode provocar o retorno de doenças que já tinham sido erradicadas

    Fonte: Dr. Alberto ChebaboMédico InfectologistaPublicado em 14/07/2022, às 14:30 - Atualizado em 25/05/2023, às 14:28
    Foto: Shutterstock

    Um dos compromissos que temos desde o nascimento é bastante simples de ser colocado em prática: comparecer a um posto de saúde e receber as vacinas previstas no PNI (Programa Nacional de Imunizações). No entanto, desde 2016, acompanhamos uma queda da cobertura vacinal. Ou seja: há uma diminuição da procura das vacinas, de forma geral. 

    Essa atitude preocupa bastante pesquisadores e médicos, já que doenças como sarampo, rubéola e difteria podem voltar e colocar em risco a vida de milhares de brasileiros. 

    Vale destacar que essas doenças já foram consideradas erradicadas no passado. Em 2016, por exemplo, o Brasil conquistou o certificado de eliminação do vírus do sarampo. Mas, em 2018, a doença voltou.  

    Sabemos que o próprio sucesso das vacinas é responsável pela redução da procura pela imunização. Atualmente, é possível perceber que elas reduziram a mortalidade e as sequelas de diversas doenças. Logo, o pensamento de algumas pessoas é: “Se a doença não existe, por que preciso me vacinar?” 

    Mas não é assim que funcionam as vacinas. Se não houver uma cobertura vacinal acima de 95% na população, de uma forma geral, não é possível controlar as doenças. E isso pode contribuir para o retorno de doenças antigamente erradicadas, como o sarampo. 

    Além disso, nos últimos anos, presenciamos o crescimento de alguns movimentos antivacinas, que não levam em conta que as doenças são muito mais graves do que qualquer possível efeito adverso dos imunizantes. 

    Muitas vezes, mães e pais, que não viram essas doenças porque elas já haviam sido erradicadas, não dão importância ao seu combate. E podem ainda acreditar em fake news, ou seja, boatos sobre a eficácia e a segurança das vacinas. 

    Além disso, temos o efeito pandemia: muitas famílias ficaram com medo de ir aos postos de saúde para se vacinar por receio de contaminação pelo novo coronavírus. Em 2019, por exemplo, a taxa de imunização contra sarampo, caxumba e rubéola (Tríplice Viral D1) era de 93,1% da população. Já em 2021, esse número caiu para 71,5%.  

    Outro fator relevante para a queda vacinal é a falta de investimentos público, e isso não é de hoje. Sem contar que os pais também podem encontrar dificuldades devido ao horário de funcionamento dos postos de saúde, que costumam funcionar no horário comercial, sendo que hoje boa parte das mães e pais trabalham nesse período.   

    Mas há uma luz no fim do túnel. É importante lembrar que o PNI é um programa bem estruturado e um dos mais completos do mundo. Para reverter essa situação, a conscientização é o primeiro passo, assim como aumentar as campanhas de vacinação para todo o Brasil. 

    Lembrando sempre que o adulto que ficar em dúvida se tomou ou não a dose de reforço para qualquer doença, deve comparecer a um posto e se imunizar. Vacina a mais não será o problema, e sim, a falta dela.  

     

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