nav-logo
Compartilhe

    Febre amarela: sintomas, transmissão e tratamento

    Potencialmente grave, doença infecciosa transmitida por mosquitos pode ser prevenida pela vacinação

    Por Tiemi OsatoPublicado em 10/11/2022, às 18:27 - Atualizado em 12/06/2023, às 16:54
    Imagem: Shutterstock

    Febre, dor de cabeça e dor no corpo. Esses são sintomas genéricos, que aparecem nas mais variadas doenças. E uma delas é a febre amarela, endêmica em 47 países – incluindo o Brasil.

    Causada por um vírus do gênero flavivírus e transmitida por mosquitos, a febre amarela costuma ser leve ou moderada em grande parte das pessoas.

    Há, no entanto, uma parcela de indivíduos que pode desenvolver o quadro grave dessa doença infecciosa, capaz de levar à morte.

    Transmissão da febre amarela

    A febre amarela não passa de pessoa para pessoa diretamente. Para que sua transmissão ocorra, é necessário haver um mosquito infectado pelo vírus, que fica em um reservatório animal florestal.

    No meio rural ou silvestre, primatas não humanos atuam como hospedeiros do vírus. Ao picarem macacos que contenham o patógeno, mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes são infectados. Uma vez contaminados, os insetos podem transmitir a febre amarela picando indivíduos não imunes à doença.

    Vale dizer que, além de não ocorrer transmissão entre humanos, não há transmissão de macaco para humano. É preciso haver um mosquito contaminado com o vírus.

    No meio urbano, o ciclo é o seguinte: o Aedes aegypti pica um ser humano já infectado (que adquiriu o vírus no meio rural, por exemplo), o próprio mosquito acaba sendo contaminado e, depois, consegue transmitir a doença ao picar alguém que não tenha imunidade contra ela.

    A febre amarela urbana é considerada erradicada no Brasil, graças à vacinação em massa e ao combate ao mosquito que serve como vetor da doença. Já a febre amarela silvestre continua presente no país (sobretudo na região amazônica, mas também fora dela) e, por ser uma zoonose, não tem como ser completamente eliminada.

    Sintomas

    As primeiras manifestações surgem depois de 3 a 6 dias da picada – em algumas situações, porém, podem demorar até 15 dias para aparecer.

    Inicialmente, pessoas com febre amarela têm febre súbita, dor de cabeça, dor no corpo, náusea, vômito, fadiga e fraqueza. É possível também que haja icterícia (cor amarelada da pele e dos olhos) leve. Esses sintomas costumam desaparecer depois de 4 ou 5 dias.

    Alguns pacientes, cerca de 15% a 25%, podem ser afetados pela forma grave da febre amarela. Nesses quadros mais severos, a melhora após as manifestações iniciais dura apenas algumas horas ou dois dias.

    Passado esse período, o vírus se multiplica no organismo, podendo causar insuficiência hepática e falência de múltiplos órgãos. Além de atingir o fígado, ele afeta outros órgãos como coração, rins e cérebro.

    Os sintomas incluem febre alta, icterícia intensa e hemorragia (sobretudo ligada ao trato gastrointestinal). Também há mais dor de cabeça, dor muscular, náusea e vômito. Entre 20% e 50% dos casos graves de febre amarela resultam em morte.

    Diagnóstico

    O diagnóstico da febre amarela é feito com base na avaliação clínica e na realização de exames de sangue.

    Uma alternativa é a sorologia, capaz de identificar anticorpos que indicam uma infecção causada pelo vírus. Outra possibilidade é o RT-PCR, teste molecular que detecta o ácido nucleico do vírus no sangue do paciente.

    Tratamento

    Não existe um medicamento específico para combater o vírus da febre amarela. Por isso, o tratamento da doença é sintomático.

    No geral, o paciente fica em repouso e toma medicações para controlar a temperatura e as dores. Se necessário, é assistido no hospital por meio da reposição de líquidos e de sangue.

    Nos quadros graves de febre amarela, o ideal é que o atendimento seja feito em UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Isso ajuda a diminuir as complicações e o risco de morte.

    Vacina contra febre amarela

    A vacina contra a febre amarela é a principal forma de prevenção contra a doença. Ela confere proteção entre 90% e 98% e segue um esquema de dose única, sendo oferecida a partir dos 9 meses de idade.

    Toda pessoa não vacinada que esteja em área de risco ou com recomendação de vacina deve aderir à imunização. Quanto maior a cobertura vacinal do país, maior a proteção de todos contra a febre amarela.

    As contraindicações da vacina, de acordo com o Ministério da Saúde, valem para:

    • Pessoas em tratamento com imunossupressores
    • Crianças com menos de 9 meses
    • Mulheres amamentando crianças menores de 6 meses
    • Pessoas com alergia grave a ovo
    • Pessoas que vivem com HIV e com contagem de células CD4 abaixo de 350
    • Pessoas que fazem quimioterapia ou radioterapia
    • Pessoas com doenças autoimunes

    Fontes: Gabriel Trova Cuba, infectologista do Hospital Nove de Julho e médico assistente do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo); Helio Bacha, infectologista e consultor da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia); Mauricio Lacerda Nogueira, virologista, professor adjunto da Famerp (Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto) e ex-presidente da SBV (Sociedade Brasileira de Virologia).

    Referências: Fiocruz; Ministério da Saúde; Organização Pan-Americana de Saúde; Secretaria de Atenção à Saúde, do Ministério da Saúde.

    Encontrou a informação que procurava?
    nav-banner

    Veja também