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    Julho amarelo reforça luta contra hepatites virais

    Campanha anual divulga as ações de vigilância, prevenção e controle dessas doenças

    Por Danielle SanchesPublicado em 06/07/2022, às 19:02 - Atualizado em 25/05/2023, às 21:23
    Imagem: Shutterstock

    Todos os anos, a campanha “Julho Amarelo” chama a atenção para as ações contra as hepatites virais. Diversas associações médicas, além do próprio Ministério da Saúde, participam da divulgação de dados e informações importantes contra esse tipo de infecção.  

    Em 2022, o assunto tem uma importância especial, já que, depois de mais de dois anos de pandemia, as taxas vacinais – tanto infantis, mas em especial, dos adultos – apresentaram uma queda significativa, aumentando o risco de contágio e transmissão dessas doenças.  

    Dados da OPAS (Organização Panamericana de Saúde) indicam que os casos e mortes relacionadas às hepatites virais vem crescendo nas Américas. Outro índice preocupante é o baixo número de diagnósticos: apenas 18% das pessoas com hepatite B, por exemplo, sabem que têm a doença; para hepatite C, esse número é de 22%.  

    Isso ocorre porque as hepatites, doenças que comprometem o funcionamento do fígado, quase sempre se manifestam de forma silenciosa no início da infecção. O resultado é que, quando ela dá sinais de estar instalada, já há algum comprometimento do órgão, dificultando tanto o tratamento como uma possível cura.  

    Por isso, um dos principais focos de atuação das autoridades médicas é justamente incentivar a realização de exames de diagnóstico para garantir que, caso a doença esteja em andamento, ela seja detectada de forma precoce, aumentando as chances de um desfecho favorável para o paciente.  

    Hepatites virais: quais são elas? 

    A hepatite é uma doença que provoca uma inflamação no fígado e pode ser causada tanto por vírus – no caso das virais – como pelo uso de alguns medicamentos, abuso de álcool e outras drogas e ainda por algumas doenças autoimunes ou genéticas.  

    No caso das virais, que são o foco da campanha Julho Amarelo, as inflamações mais comuns são causadas por alguns tipos específicos de vírus. As mais comuns são:  

    • Hepatite A: considerada uma infecção leve e que se cura sozinha, tem o maior número de casos e está relacionada à falta de saneamento básico e higiene.  
    • Hepatite B: corresponde ao segundo tipo com maior incidência na população e tem como principal via de transmissão a via sexual e contato sanguíneo.  
    • Hepatite C: é considerada uma epidemia mundial e tem como principal forma de transmissão o contato sanguíneo. A doença pode evoluir para cirrose e câncer e é hoje a principal causa de transplante de fígados.  

    Há ainda outros dois tipos considerados menos comuns: a hepatite D (Delta), que ocorre apenas em pacientes infectados pelo vírus da hepatite B; e a hepatite E, que não evolui para a forma crônica, mas pode apresentar complicações em mulheres grávidas. 

    Hepatites virais e os principais sintomas  

    Como já falamos, as hepatites virais não costumam apresentar sintomas nos primeiros estágios da doença, o que piora o prognóstico da doença para o paciente. Quando eles surgem, os mais comuns são:  

    Arte: Andrea Petkevicius

    Ao menor sinal de que algum deles esteja ocorrendo, é importante buscar atendimento médico para a realização de exames, já que a detecção precoce aumenta e muito as chances de cura e manejo adequados.  

    Quais os tratamentos para as hepatites virais? 

    Tanto a hepatite A como a B não têm tratamento específico e costumam evoluir bem sozinhas. No caso da hepatite B, no entanto, a doença pode evoluir para a forma crônica, o que necessitará de tratamento específico feito com medicamentos antivirais para interromper a progressão da doença e reduzir o risco de cirrose e câncer no fígado. A maioria dos pacientes que inicia o uso desses remédios precisa manter o uso contínuo, para o resto da vida.  

    A hepatite C costuma evoluir bem sozinha e sem tratamentos. No entanto, ela também pode se transformar em uma doença crônica; aí sim, é necessário o uso de medicamentos antivirais, que podem ser receitados para pacientes acima dos 12 anos.  

    A notícia boa é que o tratamento costuma ser feito em até 24 semanas e tem grandes chances de cura – ou seja, a pessoa de fato irá se livrar da doença para sempre. No entanto, para que isso aconteça, é necessário que a hepatite seja detectada ainda nos primeiros estágios, o que é um grande desafio na maior parte do mundo.  

    Por isso, a recomendação da OMS (Organização Mundial da Saúde) e do Ministério da Saúde é que todos os adultos acima de 45 anos realizem o teste gratuito em qualquer posto de saúde e, em caso positivo, realizem o tratamento, disponível tanto na rede pública (SUS) como na rede privada de saúde. 

    Como prevenir as hepatites virais? 

    A principal forma de prevenção das hepatites virais do tipo A e B é por meio da vacinação. As vacinas para esses dois tipos de infecção são consideradas seguras e eficazes para impedir o desenvolvimento da doença.  

    Mesmo assim, os níveis de cobertura vacinal, especialmente os da hepatite B, estão abaixo do recomendado. Dados do Ministério da Saúde indicam que, em 2021, a taxa de vacinação ficou em 57,18%. Apenas para comparação, em 2015, esse número chegou a 88,74%.  

    + Saiba mais: Entenda as formas de prevenção das hepatites virais

    Outras formas de prevenção incluem o uso de preservativos durante as relações sexuais e o não compartilhamento de alicates, seringas e outros materiais que tenham contato com o sangue. Isso vale também para a hepatite C, que tem contaminação via sangue e para a qual não existe vacina.  

    No caso da hepatite A, as formas de prevenção incluem medidas de higiene pessoal e saneamento básico, uma vez que a sua transmissão acontece via oral-fecal. O cuidado na higiene das mãos e dos alimentos é também fundamental para reduzir o número de infecções.  

    Fontes: Alberto Chebabo, médico infectologista e presidente da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia); Sumirê Sakabe, médica infectologista do Hospital 9 de Julho, em São Paulo. 

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