A hepatite A é uma doença viral que acomete milhares de pessoas todos os anos no Brasil. De acordo com os dados fornecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a maioria dos casos acontecem nas regiões Norte e Nordeste do país, que juntas são responsáveis por 55,7% de todos os casos confirmados no período de 1999 a 2018. Já as regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste contribuem com 17,7%, 15,4% e 11,2% dos casos do país, respectivamente.
Na maioria dos casos, a infecção apresenta evolução benigna, sem grandes complicações. Porém, a partir da adolescência, os casos podem ser mais graves.
A forma mais comum de transmissão da doença é via fecal-oral, e está associada ao saneamento básico precário.
É uma inflamação no fígado causada por um tipo de hepatite viral, causada pelo vírus da hepatite A. Na grande maioria dos casos, é uma doença que apresenta evolução benigna, podendo ter evolução mais grave quando acomete pessoas a partir da faixa etária de adolescente.
A doença é causada por um vírus RNA de fita simples positiva, que pertence à família Picornaviridae, conhecido como vírus da hepatite A (HAV). O vírus se replica no fígado, é excretado na bile e eliminado nas fezes, sendo transmitido por via fecal-oral.
O HAV acomete a função hepática, desencadeando uma inflamação no fígado.
A transmissão da doença ocorre por via fecal-oral. A hepatite A está relacionada à ingestão de alimentos ou água contaminados, baixos níveis de saneamento básico e de higiene pessoal.
Além dessa forma mais comum de transmissão, a doença pode ser transmitida por meio de contatos próximos e contatos sexuais.
Os fatores considerados de risco para a doença, são:
Viagem para regiões com alto índice de contaminação pelo vírus hepatite A pode ser também um fator de risco para aquisição da infecção.
Na maioria dos casos, a doença é assintomática. Quando há presença de sinais e sintomas, os mais comuns são:
Além desses sinais e sintomas, algumas pessoas podem apresentar urina escura, fezes claras e pele e olhos amarelados (icterícia).
O diagnóstico da hepatite A é realizado através de exames de sangue que identificam a resposta imunológica para o vírus.
Os exames mais propícios para diagnosticar a infecção são os de sangue, onde é identificada a presença de anticorpos anti-HAV IgM (infecção inicial) e a pesquisa do anticorpo IgG, que identifica a imunidade conferida pela vacinação ou infecção anterior.
Em casos muito graves, a hepatite A pode causar insuficiência hepática, sangramento e, até mesmo, morte.
De acordo com o infectologista Edimilson Migowski, presidente do Instituto Vital Brasil e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a doença pode evoluir em duas fases. Na primeira, o paciente apresenta um quadro agudo, que tem a duração de uma a duas semanas. Já na segunda fase, há uma melhora no quadro e, logo após, uma recaída. Essa evolução pode durar de dois a três meses.
Quando a hepatite A acomete bebês, geralmente não há sintomas da doença, podendo ela ser confundida com uma gripe. Portanto, realizar os exames que identificam a doença é essencial para fazer o diagnóstico correto.
A doença não possui um tratamento específico. A recomendação geral é para que evite a automedicação, pois o uso de medicamentos pode comprometer o fígado e piorar o quadro de hepatite A.
O acompanhamento da doença deverá ser realizado com um médico. O objetivo do acompanhamento médico é melhorar o conforto e garantir o balanço nutricional adequado, como a reposição de fluídos perdidos pelo vômito e diarreia, que são os sintomas mais comuns da infecção.
A internação hospitalar é indicada apenas em casos de insuficiência hepática aguda.
Sim. A hepatite A não se torna crônica. Ela evolui para a cura espontânea em 90% dos casos.
De acordo com as orientações do Ministério da Saúde, uma das melhores formas de prevenir a infecção por hepatite A é mantendo os cuidados de higiene e saneamento básico.
Algumas atitudes podem evitar que a transmissão ocorra, são elas:
Há duas vacinas disponíveis para prevenir a doença, que são a vacina hepatite A e a vacina hepatite A e B.
A vacina hepatite A está disponível nas Unidades Básicas de Saúde, para crianças de 15 meses a 4 anos, 11 meses e 29 dias de idade. Nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE) a vacina pode ser administrada para pessoas com algumas condições clínicas de risco para a hepatite A: doenças crônicas do fígado, inclusive portadores do vírus da hepatite C e portadores crônicos do vírus da hepatite B; distúrbios de coagulação, pacientes com HIV/Aids; imunodeprimidos por doença ou tratamento; doenças de depósito; fibrose cística; trissomias; candidatos a transplante de órgão sólido; transplantados de órgão sólido ou de medula óssea; doadores de órgão sólido ou de medula óssea; hemoglobinopatias. Nos serviços privados de vacinação, o imunizante está disponível para crianças com mais de 12 meses de vida, adolescentes e adultos.
É indicada para crianças a partir dos 12 meses, adolescentes e adultos.
Ela é uma ótima alternativa para pessoas que não foram vacinadas contra as duas hepatites.
O esquema de doses propostos pelos serviços de vacinação são:
O imunizante está disponível apenas nos serviços privados de vacinação.
Abaixo, separamos perguntas frequentes para tirar todas as suas dúvidas sobre a doença e a vacina.
O tipo considerado mais grave das hepatites virais é a hepatite C, podendo trazer grandes riscos de complicações no fígado. Pode se manifestar na forma aguda ou crônica, sendo a segunda forma a mais frequente. De acordo com o Ministério da Saúde, o tipo C é responsável por 70% das hepatites crônicas e 40% dos casos de cirrose hepática.
As principais diferenças entre as hepatites virais são:
Hepatite A: O contágio é por via fecal-oral, principalmente em situações de baixas condições de saneamento básico e higiene.
Na maioria das pessoas, a hepatite A evolui de forma benigna e evolui para a cura espontaneamente.
Hepatite B: Diferente da hepatite A, o contágio ocorre pelo sangue e principalmente por contato sexual sem o uso de preservativos.
Metade dos casos apresentam melhora espontânea, porém a outra metade evolui para doença crônica.
Hepatite C: A forma de contágio é a mesma da hepatite B e é considerado o pior tipo da doença. Em mais de 80% dos casos, a hepatite C se torna crônica e não há vacinas disponíveis para prevenir a doença.
A vacina previne a inflamação no fígado causada pelo vírus da hepatite A, que pode provocar febre, perda de apetite, cansaço, dor na barriga, enjoo, vômito e pele ou olhos amarelados (icterícia). É indicada para todas as pessoas a partir de 12 meses de vida, podendo ser aplicada em adolescentes e em adultos. É um imunizante seguro, que só é contraindicado em casos de reação anafilática a algum componente da vacina ou à dose anterior.
O ideal, nesses casos, é analisar se consta a confirmação da vacinação na sua carteira vacinal. Caso tenha perdido a carteira e não lembre de ter sido vacinado contra a doença, poderá conversar com o seu médico e se imunizar.
Para quem já teve contato com o vírus da hepatite A, não é necessário se imunizar, uma vez que já possui anticorpos para combater a doença e dificilmente voltará a tê-la.
A vacina é indicada apenas para pessoas que não apresentam anticorpos para o vírus da hepatite A.
De acordo com o Hemocentro, só podem doar sangue pessoas que tiveram hepatite A antes dos 11 anos de idade. A hepatite A não deixa partículas virais ou vírus circulantes após a cura, não impedindo a doação de sangue.
Sim. É possível que o vírus da hepatite A seja transmitido sexualmente, principalmente em pessoas que tenham prática sexual anal e contato fecal-oral (sexo oral-anal).
Se o exame de hepatite A estiver reagente, não significa necessariamente que você está com a infecção ativa no momento. O exame é capaz de detectar os anticorpos do tipo IgG (memória do antígeno no organismo) e IgM, mas não tem a capacidade de distingui-los. O resultado pode ser reagente pelo resto da vida, mesmo após a cura total da infecção.
Fontes
Ministério da Saúde. Hepatite A. Disponível em: http://www.aids.gov.br/pt-br/publico-geral/hv/o-que-sao-hepatites/hepatite
Família SBIm. Vacina Hepatite A. Disponível em: https://familia.sbim.org.br/vacinas/vacinas-disponiveis/vacina-hepatite-a
Família SBIm. Vacina combinada hepatite A e B. Disponível em: https://familia.sbim.org.br/vacinas/vacinas-disponiveis/vacina-combinada-hepatite-a-e-b
Agência Brasil. Hepatite A: saiba como se pega o vírus, quais são os sintomas e tratamentos. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2018-01/hepatite-saiba-como-se-pega-o-virus-quais-sao-os-intomas-e-tratamento#:~:text=Os%20sintomas%20iniciais%20mais%20comuns,e%20morte%2C%20indicou%20o%20infectologista.
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