A relação entre a vacina COVID-19 e coágulos vem sendo comentada nos últimos tempos devido a divulgação das análises da Agência de Medicamentos Europeia (EMA, na sigla em inglês) e a Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos de Saúde do Reino Unido, a MHRA (Medicines and Healthcare Products Regulatory Agency).
Estudos apontam que esses eventos são extremamente raros e estão associados à baixa contagem de plaquetas (trombocitopenia) e à aplicação da vacina Oxford/AstraZeneca, produzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) no Brasil.
Mesmo assim, a recomendação é que continuem se vacinando, pois há muito mais benefícios do que riscos.
Coágulos sanguíneos são respostas fisiológicas que acontecem de forma natural no organismo devido às reações químicas.
A hemostasia é a resposta responsável por prevenir e interromper o sangramento e ela auxilia no reparo do tecido danificado.
De acordo com o pesquisador Carlos Henrique Miranda, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo (USP), a formação de coágulos dentro do vaso ou da artéria entope e interrompe a passagem de sangue, levando a um problema no órgão onde o sangue deveria chegar. Quando eles se formam nos vasos do pulmão, por exemplo, desencadeiam uma doença chamada embolia pulmonar. No caso de atingir uma coronária, vaso que irriga o coração, pode causar um infarto.
Estão sendo estudadas possíveis associações de fenômenos tromboembólicos raros, com plaquetopenia nas vacinas COVID-19 que utilizam plataforma de vetor viral não replicante (Oxford/AstraZeneca e Janssen). Até o presente momento, as autoridades afirmam que os benefícios da vacina superam os riscos.
Em determinados países pertencentes à União Europeia, o uso da vacina AstraZeneca/Oxford foi temporariamente suspenso, a fim de prevenir possíveis riscos de distúrbios de coagulação em pessoas que receberam a vacina.
Já em 17 de março de 2021, a Organização Mundial de Saúde (OMS) emitiu um sinal de segurança sobre o imunizante.
A explicação que temos até o momento é que a combinação de formação de coágulos sanguíneos e trombocitopenia são desencadeadas pela resposta imunológica contra o fator 4 plaquetário, que levaria a um grande aumento no consumo plaquetário. Deste modo, seria algo parecido com uma condição observada em alguns pacientes tratados com heparina (trombocitopenia induzida por heparina – HIT) – porém em indivíduos não expostos previamente à heparina.
Levando em consideração as vacinas COVID-19, o termo utilizado é Síndrome de Trombose com Trombocitopenia (TTS).
Pesquisas realizadas pela Universidade Oxford mostram que o risco para coágulo é baixo na maioria dos casos, porém pessoas que já foram infectadas com o Coronavírus apresentam maior predisposição.
Paul Harrison, professor de psiquiatria e chefe do Grupo de Neurobiologia Translacional da Universidade de Oxford, explica que a COVID-19 aumenta significativamente o risco de TVC (trombose venosa cerebral), aumentando a lista de problemas de coagulação do sangue que a infecção causa.
A TVC é extremamente rara e os dados sobre ela são limitados.
Kevin McConway, professor emérito de estatística aplicada na Open University, em um comentário ao Science Media Center no Reino Unido, explica que a principal descoberta é que esses eventos de TVC são muito raros – alguns em cada milhão de pessoas envolvidas – em pacientes com COVID-19 e em pessoas que receberam uma das vacinas – mas eram muito mais raros nas pessoas que receberam a vacina do que em pessoas que foram acometidas pela COVID-19.
Segundo os pesquisadores, ainda não é possível afirmar que as vacinas não aumentam o risco em comparação ao risco em pessoas que não foram vacinadas e também não tiveram COVID-19, porém eles dizem que o risco de TVC em pessoas que tiveram a infecção é cerca de 100 vezes maior que o risco na população em geral.
A Organização Mundial da Saúde também se posicionou dizendo que: “Por enquanto o risco de sofrer coágulos sanguíneos é muito maior para alguém com COVID-19 do que para alguém que tomou a vacina AstraZeneca.”
De acordo com os estudos que estão sendo realizados, outros fatores podem contribuir para a trombose, tais como uso de pílulas anticoncepcionais e a gestação. Veja a imagem:
Fonte: https://www.instagram.com/trombose.ufrj/
O Programa Nacional de Imunizações recomenda que indivíduos que receberam a primeira dose da vacina COVID-19 Oxford/AstraZeneca e apresentaram um episódio de trombose venosa ou arterial maior, associado à plaquetopenia não recebam a dose subsequente.
Ressaltamos que todas as autoridades, até o momento, consideram os imunizantes muito benéficos e superam os eventuais riscos associados. Além disso, é importante lembrar que, sendo necessárias eventuais adequações em relação ao Plano Nacional de Operacionalização (PNO) da vacinação contra a COVID-19 e seus respectivos imunobiológicos, os estados e os municípios serão notificados.
Sim. De acordo com a EMA, a combinação relatada de coágulos sanguíneos e plaquetas sanguíneas baixas é muito rara, e os benefícios gerais da vacina na prevenção de COVID-19 superam os riscos de eventos adversos graves.
A vacina é uma grande aliada para prevenir a infecção e está reduzindo significativamente o número de hospitalizações e mortes por COVID-19.
A Public Health England relatou que em uma única dose já foi possível reduzir o risco de hospitalização em mais de 80% das pessoas com mais de 80 anos, além de ter conferido cerca de 73% de proteção contra doenças sintomáticas.
A vacinação durante a pandemia é essencial e de extrema importância que todos acompanhem o Calendário Vacinal proposto pela Sociedade Brasileira de Imunizações.
Segundo a EMA, a vacina COVID-19 pode causar eventos adversos comuns como sensibilidade no local da injeção, fadiga, dores de cabeça, náuseas, calafrios ou uma sensação geral de mal-estar.
É incomum que estes sintomas durem mais do que alguns dias e, caso as dores demorem a cessar, recomenda-se que o paciente procure atendimento médico, principalmente se os sintomas comuns estiveram acompanhados de falta de ar, dor no peito, inchaço nas pernas, dor persistente no estômago, sintomas neurológicos, como fortes dores de cabeça ou visão turva, ou pequenas manchas de sangue sob a pele. Todos esses sintomas podem estar associados a um coágulo sanguíneo ou outra reação adversa que necessita de investigação.
Sim. Até o momento, não há evidências que o tratamento da trombose com o uso de antitrombóticos contraindique a vacinação.
Fontes
Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis. Coordenação-Geral do Programa Nacional de Imunizações. Nota Técnica Nº 441/2021-CGPNI/DEIDT/SVS/MS. Disponível em: https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/biblioteca/nota-tecnica-no-441-2021-cgpni-deidt-svs-ms/
CNN Brasil. O que são coágulos sanguíneos e quais preocupações devemos ter com eles? Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/saude/2021/04/10/o-que-sao-coagulos-sanguineos-e-quais-preocupacoes-devemos-ter
CNN Brasil. Quais os reais perigos dos coágulos que a vacina da AstraZeneca pode causar? Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/saude/2021/04/09/quais-os-reais-perigos-dos-coagulos-que-a-vacina-da-astrazeneca-pode-causar
CNN Brasil. Risco de coágulo é maior após Covid do que após vacinação, diz estudo de Oxford. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/saude/2021/04/15/risco-de-coagulo-e-maior-apos-covid-do-que-apos-vacinacao-diz-estudo-de-oxford
FioCruz. Fiocruz esclarece sobre possível evento adverso de vacina. Disponível em: https://portal.fiocruz.br/noticia/fiocruz-esclarece-sobre-possivel-evento-adverso-de-vacina
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